CONCLUSÃO

Em suma, o combate às práticas predatórias contra o consumidor idoso no ambiente virtual passa necessariamente por uma atuação conjunta do Estado, da sociedade e, crucialmente, dos fornecedores de bens e serviços digitais. Os dados coletados nesta pesquisa corroboram essa urgência de forma contundente: com 100% dos 74 idosos entrevistados fazendo uso ativo da internet e 81% utilizando aplicativos bancários e pagamentos online, a exposição ao risco não é uma possibilidade, mas um fato consumado. A alarmante realidade de que um terço da amostra (25 de 74) já foi vítima de golpes, resultando majoritariamente em prejuízo financeiro (14 casos), transforma a necessidade de proteção de uma questão teórica para uma demanda social e de mercado imediata. O desenvolvimento responsável, pautado pela ética, transparência, segurança e acessibilidade, não é apenas uma boa prática, mas um pilar essencial para garantir a dignidade e a igualdade da pessoa idosa no cenário digital contemporâneo.

Este trabalho investigou as vulnerabilidades da população idosa na era digital, e a análise de dados evidenciou que a conscientização, embora alta — todos os participantes já ouviram falar de crimes virtuais —, é insuficiente para prevenir a vitimização. A familiaridade dos idosos com golpes como fraudes em compras online (citado por 20 pessoas) e roubo de identidade (17 menções) demonstra que eles estão cientes das ameaças mais comuns. Contudo, o papel crucial dos profissionais e empresas de TI reside em traduzir essa consciência em proteção efetiva. Estratégias como design centrado no usuário sênior, educação digital direcionada e, especialmente, suporte técnico humanizado são fundamentais, visto que 23 entrevistados afirmaram proativamente "pedir ajuda a alguém de confiança" diante de uma ameaça, mostrando uma clara necessidade de canais de apoio formais e acessíveis.

O imperativo ético do desenvolvimento responsável emerge, portanto, como a resposta mais robusta. Priorizar a transparência, a acessibilidade informacional e a proteção contra "dark patterns" é essencial para construir um universo digital seguro. No entanto, a investigação não deve parar por aqui. Embora este estudo tenha focado em plataformas web, redes sociais e aplicativos financeiros, a tecnologia continua a evoluir, e com ela, os vetores de risco. É imperativo extrapolar a pesquisa para outros modais de ferramentas digitais que ganham espaço no cotidiano dos idosos, como dispositivos de casa inteligente (IoT), assistentes de voz (Alexa, Google Assistant) e tecnologias vestíveis (wearables) de saúde. Essas inovações, embora promissoras, introduzem novas vulnerabilidades, desde a privacidade de dados de saúde e conversas domésticas até interfaces que podem ser facilmente manipuladas. A análise futura deve, portanto, antecipar-se a esses novos desafios, garantindo que o princípio do desenvolvimento responsável se aplique a todo o ecossistema tecnológico, para que os idosos possam, de fato, usufruir dos benefícios da inovação com plena autonomia, segurança e livres de riscos e exclusão.